"Sejam meus imitadores, como eu sou de Cristo". I Co 11.1

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Jonas como você nunca leu (parte II)

A historicidade do livro de Jonas


O fato de Jonas ser citado por ter proferido uma profecia de sucesso militar sugere que ele era um profeta dos mais nacionalistas e militaristas, talvez não muito diferente de Zedequias, a quem o profeta Micaías se opõe em 1Reis 22. Esse fato, entretanto, não esclarece se o livro de Jonas é um registro verídico e histórico. Se for pura ficção, o autor pode ter usado esse profeta como uma personagem para ressaltar a compaixão divina: Deus, ao mostrar sua misericórdia aos ninivitas, humilhou esse profeta indignado e patriótico.


Argumentos de que o livro de Jonas é uma história fictícia:


❇️ Jonas 3.9 é semelhante a Joel 2.14, sugerindo que Jonas é uma obra tardia, escrita muito depois da época da vida do profeta histórico.


❇️ A cena em que Jonas é engolido vivo por um “grande peixe” parece forçada e pouco plausível.


❇️ O salmo de Jonas (cap 2) não faz sentido no contexto. O profeta glorifica a Deus pela sua salvação enquanto ainda está dentro do peixe.


❇️ O relato carece de evidência de uma compreensão da realidade de Nínive e sua história. Por exemplo, o autor exagera o tamanho da cidade, alegando que eram necessários três dias para cruzá-la a pé (Jn 3.3).

❇️ Não há registros histórico de que Nínive tenha experimentado um avivamento ou uma conversão em massa.




Em contrapartida a esses argumentos, é possível explicar, de maneira convincente essas objeções:


❇️ É especialmente difícil provar qual texto do AT é original quando dois livros contém expressões semelhantes. Assim não há modo de determinar se Jonas ou Joel eram originais ou se os autores de ambos apenas empregadas linguagem semelhante.


❇️ A história do grande peixe só é milagrosa no sentido de que Deus sobrenaturalmente providenciou uma baleia para tragar Jonas. Há três questões críticas aqui:

✴️ O grande peixe realmente pode ter sido uma baleia, que normalmente não era encontrada no lado oriental do Mediterrâneo, mas tal provisão, tão longe do seu habitat natural compõe a parte milagrosa do registro.

✴️ A palavra “barriga” (usada em algumas traduções) em hebraico é imprecisa e não significa necessariamente “estômago”. Jonas pode ter ficado na cavidade oral de uma baleia que possuísse uma grande boca.

✴️ A baleia, por ser mamífero, é um animal de sangue quente que respira ar e periodicamente vem à tona para respirar. Esse fato teria proporcionado a Jonas o oxigênio de que ele precisava, enquanto o calor do corpo do animal teria evitado que o profeta tivesse uma hipotermia.


❇️ O salmo de Jonas no cap 2, é compreensivo se reconstruirmos os argumentos como segue:

Jonas foi lançado ao mar durante uma tempestade, e incapaz de nadar, afundou imediatamente (2.6);

Uma baleia conduziu-o protegido até a superfície, permitindo-lhe respirar

A baleia manteve Jonas perto da superfície, por isso o profeta reconheceu a provisão de Deus e pode glorifica-lo.

❇️ Jonas 3.3 afirma literalmente que eram “necessários três dias” para percorrer Nínive, talvez significando uma caminha pelo meio da cidade ou ao redor do seu perímetro. Entretanto, Jonas foi obrigado a percorrer todos os bairros da cidade a fim de proclamar sua mensagem de advertência.

Alguns estudiosos sugerem que havia um grupo de três cidades Nínive, Khorsabad e Ninrode, que constituíam o “triângulo de Nínive”, onde Jonas deveria pregar. O nome Nínive foi dado a cidade porque ela seria a última e maior das três cidades da Assíria, e era contra Nínive que o juízo de Deus finalmente se realizaria. Além disto, Nínive estava no centro das três cidades. É possível que o rei estivesse residindo em Khorsadab (Dursharrukin), uma vez que essa cidade também foi a capital real da Assíria em diversas ocasiões.


❇️o arrependimento dos ninivitas de modo algum indica que se tornaram adoradores de Yahweh ou que se converteram à religião israelita,mas  sugere que por meio de algum rito pediram a Deus que os poupassem.

Alguns, sugerem que os atos dos ninivitas demonstraram um arrependimento verdadeiro. O costume do oriente médio, de vestir pano de saco e cinzas (Jn 3.5,6), era um sinal de luto. A convocação do Jejum mostrou sua dedicação e comprometimento totais em serem justos diante de Deus. Isto foi enfatizado pelo fato de que eles fizeram com que os animais também jejuassem. A mensagem de Deus transmitida por Jonas não lhes dava nenhuma razão para esperar que Ele reteria a punição mencionada no cap 3 versículo 4. Podiam apenas confiar na misericórdia de Deus.

Historicamente, foi um acontecimento de curta duração — provavelmente não foi para os registros históricos da cidade.


❇️  Muitos se perguntaram porque os Assírios iriam responder a um profeta judeu. A razão para isso, de acordo com as tradições rabínicas, é o fato de que Nínive tinha ouvido sobre o maravilhoso salvamento de Jonas do ventre do peixe. Isto é muito provável, uma vez que Jesus disse que Jonas foi um “sinal” (milagre) para os homens de Nínive. Ele também explicou que o “sinal de Jonas” era o único que seria dado a nação de Israel, a seu respeito. Da mesma maneira como Jonas passou 3 dias e 3, noites no ventre do peixe, Ele mesmo passaria 3 dias e 3 noites no “seio da terra” o sepulcro (Mt 12.39-41; Lc 11.29,30,32).







Alguns estudiosos têm especulado que a aparência de Jonas, sem dúvida branqueada devido à ação dos ácidos digestivos do peixe, teria sido de grande ajuda para a sua causa. Se tal fosse o caso, os ninivitas teriam sido recebidos por um homem cuja pele, cabelos e roupas tinham sido branqueados a algo fantasmagórico - um homem acompanhado por uma multidão de seguidores frenéticos, muitos dos quais alegavam ter presenciado Jonas sendo vomitado na praia por um grande peixe (mais quaisquer exageros que talvez tenham acrescentado).



NÍNIVE



Situada em Mosul, no Iraque, Nínive era uma cidade antiga habitada desde o VII milênio a.C. A proeminência dessa cidade na bíblia, entretanto, deve-se a sua distinção como uma das cidades mais importantes do império Assírio, que dominou o antigo oriente médio na maior parte do período entre 900 e 612 a.C. Nínive chegou a plenitude de seu poder sob o governo dos reis assírios Senaqueribe, Esar-Hadom e Assurbanipal. Diversos achados arqueológicos importantes de Nínive provêm do período em que esses reis governaram.
Os muros da cidade, com quase 13 quilômetros de comprimento, abrangendo uma área que cobre cerca de 7 quilômetros quadrados.

partes do palácio, que cobria três grandes quarteirões da cidade foram escavadas.
As paredes eram revestidas com relevos pintados e esculpidos, que descrevem as façanhas de Senaqueribe, inclusive sua derrota em Láquis, em 701 a.C. (2 Reis 18.14,17).

A cidade ostentava grande número de parques e jardins irrigados, que podem  ser a explicação da menção às águas, em Naum 2.8.

Outros registros mencionam Manassés, rei de Judá, que forneceu os materiais de construção para o palácio de Esar-Hadom, em Nínive, e tropas para a invasão de Assurbanipal no Egito.

Um dos achados mais significativos foi a biblioteca de Assurbanipal. Continha cerca de 1.500 textos diferentes, alguns com cópias múltiplas, inclusive tabletes de arquivo, de literatura, de mágicas, de medicina, de adivinhação e de rituais.

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