Gênesis: 3. 1. Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha feito. E ela disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? 2. E a mulher disse à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, 3. mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem tocareis nele, para que não morrais. 4. E a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. 5. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. 6. Então, quando a mulher viu que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto e comeu; e o deu a seu marido com ela, e ele comeu.
Vemos que as investidas da serpente tem efeito quando lemos os resultados na vida de Eva. O texto nos diz: “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento” (v.6). Aquilo que anteriormente tinha sido completo repúdio (nem tocar era permitido), tornou-se clara admiração. O poder de persuasão do tentador está completamente provado: ele é capaz de reverter o desprezo em apreço.
Vendo a Mulher: Sobre o olhar da mulher, Calvino diz:
Este olhar impuro de Eva, contaminados com o veneno da concupiscência, tanto era o mensageiro e o testemunho de um coração impuro. Ela podia anteriormente olhar a árvore com tal sinceridade, e nenhum desejo de comer afetou sua mente, pois a fé que tinha na palavra de Deus foi o melhor guardião do seu coração, e de todos os seus sentidos. Mas agora, depois que o coração tinha diminuído a fé e a obediência à palavra, ela corrompeu a si mesmo e todos os seus sentidos, e depravação foi difundida por todas as partes de sua alma, bem como o seu corpo.
O fato é que o modo de ver a violação da Lei de Deus tomava novas cores. A sentença “certamente morreis” já havia sido amenizada pela amigável serpente.
Deffinbaug sobre isso fala “Embora ela ainda não tenha comido do fruto, já começou a cair. Ela entrou em diálogo com Satanás e agora está acalentando pensamentos blasfemos acerca do caráter de Deus. Ela está contemplando seriamente a desobediência”.
Boa … Agradável … Desejável:
As características que a árvore recebe neste verso chama a atenção. Ela era boa, mesma palavra usada por Moisés para descrever o apreço que Deus tem por sua criação (towb). Ela era agradável e desejável, descrita com dois termos sinônimos (ta`avah e nekmad). Nesse momento é que vemos o coração de Eva, que passa a interagir com a árvore, agora objeto dos seus desejos.
Essa tríade que agrada a carne, aos olhos e o entendimento, é uma das descrições que João usa para descrever o mundo, observe:
“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele, porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1Jo.2.15-16).
Sobre isso, Krell diz que o texto demonstra três necessidades fundamentais do homem, observe:
Em primeiro lugar,
física: “boa para se comer.” Este é paralelo com “a concupiscência da carne”: o desejo de fazer algo contrário à vontade de Deus (ou seja, “comer o fruto saboroso”). “Ela vai se sentir bem.” O desejo por comida era uma parte do que chamou Eva em pecado. O corpo exerce uma atração sobre nós e o pecado pode usar vários apetites físicos. Existem vários desejos do corpo, o desejo de vontade, preguiça, falta de apetite, a ganância por prazer físico, a sexualidade. Todos estes canais são os que podem ser utilizados em pecado.
Em segundo lugar, emocional: “deleite para os olhos.” Este é paralelo com “a concupiscência dos olhos”: o desejo de ter algo além da vontade de Deus (isto é, possuir o belo fruto). “Parece bom.” O poder da visão tem uma incrível capacidade de estimular o desejo de pecado. É mais forte no presente do que qualquer outro dos sentidos do corpo. Vendo que irá aumentar o nosso apetite por algo. Há um desejo acrescentar que vem observando tentações que vêm através da imaginação, agitada por algo visto. Se Eva sem pecado pudesse ser puxada para baixo, quanto mais aqueles que nascem pecadores.
Por último, o intelectual: “desejável para dar entendimento”. Este é paralelo com “a soberba da vida”: o desejo de ser algo além da vontade de Deus (isto é, tão sábio quanto Deus). “Isso vai me fazer melhor.” “Eu preciso de algo que eu não tenho para ser feliz”
o corpo deixou de ser a morada de um espírito puro, em comunhão com Deus, e no estado puramente natural do corpo a consciência não foi produzido apenas da distinção dos sexos, mas ainda mais da inutilidade da carne, de modo que o homem e mulher ficaram envergonhados em presença um do outro, e tentaram esconder a vergonha de sua nudez espiritual, cobrindo as partes do corpo através do qual as impurezas são retiradas da natureza.
“Tendo cometido eles o pecado, agora vivendo com suas conseqüências imediatas, eles tentam resolver o problema por eles mesmos. Ao invés de voltar-se para Deus, seu sentimento de culpa leva os em um processo de auto-expiatório, a auto-proteção: eles devem se cobrir. Essa é a tendência da humanidade quando se trata de um relacionamento com Deus. No entanto, a Bíblia deixa claro que o homem só pode ter um relacionamento com Deus através da fé.
Conclusão
“De maneira estranha a promessa de Satanás tornou-se verdadeira. Em certo sentido, Adão e Eva tinham se tornado como Deus no conhecimento do bem e do mal (verso 22). Ambos, o homem e Deus, conheciam o bem e o mal, mas de formas completamente diferentes. Talvez a diferença possa ser melhor ilustrada desta maneira.
Um médico pode conhecer o câncer em virtude de sua educação e experiência como médico. Isto é, ele tem lido e ouvido conferências a respeito de câncer, e o tem visto em seus pacientes. Um paciente, também, pode conhecer o câncer, mas como sua vítima. Enquanto ambos conhecem o que é o câncer, o paciente desejaria jamais ter ouvido falar sobre ele. Tal é o conhecimento que Adão e Eva vieram a possuir.
Mateus: 6. 13. e não nos deixe cair em tentação; mas livra-nos do mal. Pois teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
Bibliografia:
Estudo escrito pelo teólogo Marcelo Berti
https://marceloberti.wordpress.com/2010/04/05/a-queda-do-homem/
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